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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Revista Ciência & Revolução

A revista Ciência & Revolução é uma publicação que o Círculo de Estudos Revolucionários Anderson Luís oferece aos militantes que, como nós, procuram um debate livre sobre o atraso da revolução socialista e sobre a relação deste atraso com o atraso de uma ciência da revolução. 
Convidamos, como iniciadores do projeto, todos os que estão na luta concreta conosco nas diversas campanhas que participamos a colaborarem na construção desta revista, aprofundando entre nós a compreensão do que está em jogo na transição entre o paradigma da propriedade privada para o da propriedade social ou coletiva.
O exemplar de lançamento da revista é dedicado a campanha contra o desligamento de Rodrigo Francisco do doutorado na UFF.  Entre em contato pelo e-mail informecal2018@gmail.com para adquirir seu exemplar. 


Resumo da edição de lançamento: 
“O proletariado precisa compreender todos os conhecimentos e técnicas criadas pela humanidade no curso de sua história, para elevar-se e reconstruir a vida sobre os princípios da solidariedade.” León Trótsky, 1926.
Esta frase do velho revolucionário russo poderia resumir a ideia por trás das escolhas que fizemos para compor as 96 páginas da edição de lançamento da revista Ciência & Revolução. Mas não consegue resumir o resultado alcançado. Entre a ideia e o produto final, nos deparamos com uma vasta elaboração teórica sobre o papel das ciências, em geral, e da Ciência, em particular, no desenvolvimento da humanidade.
Entre dezenas de reuniões, incontáveis horas de pesquisas bibliográficas e discussões animadas de conjuntura atual e as tarefas prioritárias para o dia de amanhã, decidimos fazer da edição inaugural o que ela deve ser. Um pontapé inicial. Bebendo em fontes do passado, buscamos reavivar uma discussão que nos parecia deixada de lado em meio à situação acelerada, por vezes obscura, pela qual a humanidade passa atualmente. Vivemos um período aberto à transformações históricas, cujos desdobramentos mais permanentes só visualizaremos no futuro. 
Cinco textos históricos compõem a revista. Estão acompanhados de dois textos recentes, estes relacionados à Campanha Rodrigo, à qual esta revista deve, se não sua existência, pelo menos uma boa parte de seu conceito fundante.
O prefácio é de uma militante componente da campanha pelo direito de Rodrigo fazer ciência. Relata a trajetória de Rodrigo na militância política e na ciência. Passando por fatos marcantes que tangenciaram a vida militante de ambos, como o assassinato, até hoje sem justiça de Anderson, que militava à época na mesma organização que ambos. O texto, apesar de recente, é um relato histórico da perseguição sofrida por Rodrigo ao longo de sua ainda curta trajetória. 
O texto de encerramento é do próprio Rodrigo. Uma carta escrita por ele ao companheiro Lula em junho de 2018, quando estava excluído de seu doutorado, sem motivo real, e Lula já estava preso, sem provas reais. Guardadas as devidas proporções, Rodrigo relata como entende que ambos os processos são parte de um novo comportamento das classes dominantes, onde a conciliação com os trabalhadores, tão presente nos governos da era PT, já não lhes interessa mais.
Os textos históricos, que recheiam a revista, trazem contribuições ao pensamento científico e suas conexões com a revolução, de Engels, Marx, Trótsky, Eric Lerner e Eistein, estes dois últimos físicos, dedicados à pesquisas que impactaram a maneira como os homens encaram a natureza , tal qual Rodrigo.
De Engels, selecionamos a introdução à Dialética da Natureza, um dos livros mais conhecidos do fundador, juntamente com Marx, do socialismo cientifico, elaborador e defensor brilhante de sua filosofia: o materialismo histórico dialético. Do seu parceiro, Marx, um texto menos conhecido, mas não menos importante. Uma reflexão sobre as relações entre a ciência e a tecnologia, sob a perspectiva da dominação do capital sobre o trabalho, e como o capital explora e domina, não só os trabalhadores, também a  ciência e todo o progresso teórico da humanidade em benefício próprio.
O texto de Eric Lerner investiga onde foi parar o enfoque histórico na ciência, dando continuidade ao trabalho desenvolvido por Engels, cem anos depois deste. Aponta que o fim da era progressista do capitalismo determina um recuo científico da humanidade. Já Einstein faz, em uma das raras elaborações políticas de seus legado, uma defesa enfática do socialismo como caminho para destravar o pensamento científico, bem como do desenvolvimento da ciência para destravar o caminho para a o socialismo. 
Por último, uma tradução inédita para o português de um discurso de León Trótsky, à época presidente do Conselho Técnico-Científico da Indústria no estado revolucionário russo, diante do Congresso de Mendeleiev, comemorativo de duzentos anos de fundação da Academia de Ciências russa. O discurso não carece de spoiller. Merece ser lido, em toda sua complexidade, por aqueles que buscam compreender a relevância do pensamento científico na construção de uma nova sociedade.
Esperamos que o leitor se sinta provocado a refletir sobre as questões levantadas. De nossa parte, renovamos nossa convicção de que há, sim, um pensamento científico da revolução. Há uma grande quantidade de trabalho morto (não só no conceito econômico desenvolvido por Marx, mas também literalmente, naqueles que tombaram em revoluções passadas ou ficaram pra trás) empregado neste propósito. Há uma ciência da revolução! É nosso dever desenvolvê-la. Boa leitura camaradas!

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