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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Por que a Jornada Lula Livre é o grande acontecimento mundial da semana?


 A  crise global do capitalismo gera, por todos os lados, verdadeiros terremotos institucionais, a ponto de mesmo os economistas administradores de grandes instituições capitalistas reconhecerem as ‘debilidades do sistema’.  As expressões políticas mais claras dessa crise, no momento, são por um lado o Brexit , na Europa - onde a trapalhada na saída do Reino Unido da União Europeia mostra que crises institucionais não são questão de competência ou incompetência dos governantes de ocasião, mas resultam de divisões internas dentro do próprio capitalismo - e, por outro lado, a crise no continente americano a partir da ameaça de guerra contra Venezuela, que se entrelaça com a intenção de Trump de construir um muro na fronteira dos EUA com o México.
   A ingerência dos EUA se choca com a resistência popular no mundo todo, em particular na Venezuela, onde a operação de semanas atrás contra Maduro naufragou, deixando Trump num impasse até mesmo com seus aliados mais próximos, não que a operação de guerra de Trump tenha deixado de estar na ordem do dia, na verdade, está apenas momentaneamente adiada, ou melhor, apenas mudaram o foco da ação, girando a atenção para México e Uruguai. O ataque a governos legitimamente eleitos destes países, oriundos de movimentos sociais e políticos fortemente ancorados nas lutas populares enfrenta uma forte resistência dos povos. Contudo em muitos países a ausência de uma organização que unifique a luta dos trabalhadores, nacional e internacionalmente, ou a dificuldade das organizações existentes se desvencilharem de suas ilusões institucionais é um verdadeiro problema. Nos EUA, por exemplo existe uma importante central sindical a ALF-CIO, que recentemente tomou posição em defesa de Lula, porém essa central têm vínculos com o partido democrata, deixando de combater pela independência da classe trabalhadora na esfera política. O México conseguiu eleger recentemente Lopez Obrador, que faz uma resistência moderada ao imperialismo, sem contudo expressar uma verdadeira representação independente da classe operária, conformando um governo considerado como esquerda conservadora. Em outros países o mesmo padrão se repete. A classe operária tem imensas dificuldades em uma representação política independente dos patrões e em dar a esta representação uma configuração internacional independente do imperialismo.
  Neste cenário, o Brasil joga um papel decisivo no continente para as operações do imperialismo mais poderoso do Mundo. O mandato dado a Bolsonaro, na fraude eleitoral de outubro passado, foi justamente o de acabar com o direito a organização dos trabalhadores, derrotando eleitoralmente o Partido dos Trabalhadores e abrir a via da sua cassação. O PT é o exemplo mais acabado do direito da classe operária se organizar pelo seu direito de existir politicamente, organizando-se em seu próprio partido para governar, errando, acertando, mas fazendo sua própria experîencia. 
 O papel que vem sendo jogado pelo PT na luta contra a guerra no continente desde a presença  de Gleise na posse de Maduro, é um enorme reforço a posição dos trabalhadores, dado o tamanho do Brasil, mas também a relação do PT com as amplas massas. O novo giro da direção do PT na linha da defesa de Lula levou a realização de um importante encontro nacional Lula Livre, que impulsionou a  construção de comitês populares. Essa inflexão gerou reações nas fileiras da burguesia, como, por exemplo, a do ex-presidente FHC, que, em entrevista, rechaçou a iniciativa, sinalizando também uma critica de setores importantes do imperialismo, por ele representados, à condução de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Mas não foi só a direita que se incomodou com a nova postura do PT. Reações no interior da chamada esquerda mandam recado para o PT priorizar a luta parlamentar contra reforma da previdência. A previdência social e o direito a aposentadoria está em cheque no mundo todo, mas opor esta luta à defesa de Lula não ajuda a defender a previdência, nada mais sendo do que uma cobertura ao abandono Lula nas mãos de seus sequestradores. O PT, ao contrário, liga a luta contra a reforma da previdência à luta em defesa do legado de Lula/Dilma e abre ao conjunto do movimento operário nacional e internacional uma nova perspectiva de organização da base militante com comitês Lula Livre sendo montados no Brasil e em diversos países, fazendo da Jornada Internacional Lula Livre, do ponto de vista da resistência ao imperialismo, a atividade mais importante de todo o mundo no atual momento.
 A luta pela liberdade de Lula pode impor ao golpe imperialista uma derrota maior, aumentando a confiança da classe em si mesma, ancorada da solidariedade internacional, o que serve de combustível para recuperar todos os direitos que o golpe no Brasil está retirando. Mas a confusão ainda é grande e uma ampla coalizão anti-bolsonarista aumenta ainda mais a confusão. Evidentemente ninguém pode querer um presidente como Bolsonaro, mas se aliar a Globo, a setores do Imperialismo, ao derretido centrão ou aos militares para derrubá-lo sem dizer o que colocar no lugar, abre a perspectiva da legitimação de uma queda calculada que abriria espaço para que outro representante do capital financeiro aprofundasse ainda mais o golpe. Na  luta em defesa do PT, que se concentra na defesa dos petistas injustiçados pelas instituições, todos os que hesitarem acabarão sendo arrastados, seja pela ação da burguesia que não vai parar seus ataques e perseguições somente no PT, ou pela ação dos oprimidos, que se agarram na luta pela liberdade de Lula como a liberdade de si mesmos e estão fazendo dos atos da jornada Lula Livre um enorme sucesso, mostrando o acerto da linha dos comitês. 





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