Pular para o conteúdo principal

Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Março termina e a crise se aprofunda


A instabilidade política é um dos sintomas da atual crise do sistema e que não apresenta nenhuma  perspectiva de solução, atingindo até mesmo países centrais no jogo imperialista. 

O caso da Grã-Bretanha, dividida ainda sobre o Brexit, é exemplar. Os acordos de saída da UE tem sido sistematicamente recusados pelo parlamento Britânico. Tony Blair já anunciou seu apoio a um novo Referendum. Os especialistas apontam que uma saída desordenada levaria a um limbo jurídico em diversas áreas. Jeremy Corbyn do Partido trabalhista também sinaliza que respaldará uma nova votação, o que, na prática, revogaria os resultados da primeira. A posição do trabalhista Corbyn vai na mesma linha de outros setores ditos de esquerda pela UE, que aplicaram seus planos de austeridade e agora vêem as instituições de Bruxelas serem rejeitadas em todo o continente europeu.  Mesmo assim, as organizações da social democracia européia continuam sua política de acompanhamento da UE sem sinalizar qualquer perspectiva de indepêndencia de classe no velho continente. E ainda que confrontada com suas próprias crises humanitárias, a União Européia se acha no direito de ditar regras ao povo venezuelano.

No outro lado do Atlântico Norte a expressão da crise imperialista se apresenta na agudização dos elementos de instabilidade política, que não chega a evoluir como uma crise institucional classica em função do papel de  contenção do Partido Democrata na defesa do "stablishment". Nem mesmo a acensão dos chamados socialistas da ala esquerda deste partido questiona a ordem institucional baseada no paradigma do bipartidarismo que nega aos trabalhadores estadunidenses uma representação independente. Ainda que Trump tenha aceito um acordo para interromper a mais longa paralisação dos serviços federais da história daquele país, acalmando os ânimos internos, isto está longe de significar uma mudança de planos na escalada contra os povos do continente. Trump, ao receber a esposa de Juan Guaidó,  ameaça ‘não se pode alcançar mais pressão da que eles já enfrentam se não for no âmbito militar’. Trump também registra o incômodo com a presença de tropas de Moscou e dita à Venezuela a política externa que deve ser seguida : “A Rússia deve ir embora. O tom de ameaça também cresce em relação ao México colocando no horizonte próximo a possibilidade do fechamento de fronteiras. Lopes Obrador resiste como pode, mas sem uma unidade continental para resistir as ameaças, pouco pode fazer. E é neste contexto, em que a resistência que existe ainda se encontra fragmentada, que a possibilidade de uma guerra no continente não é uma hipótese que pode ser descartada. 

E no Brasil...

A relevância do lugar político do Brasil no continente ajuda a colocar gasolina numa situação potencialmente explosiva. O governo de continuidade do Golpe encabeçado por Bolsonaro aprofunda a crise institucional no Brasil. 

Menos do que inabilidade em negociar, suas ações se encadeiam na disposição de disciplinar a todos os que opõem qualquer resistência aos planos do imperialismo, sem poupar nem mesmo setores burgueses e pequeno burgueses que veem seus negócios serem arruinados. A saída do Brasil da OMC, por exemplo, elimina salva-guarda em nossas relações comerciais pois nossa condição de país em desenvolvimento não seria mais levada em conta.  A consequência do golpe no Brasil, aprofundando uma politica econômica dependente, pode ser confirmada nos dados atuais de desemprego.

 A autorização para militares comemorarem o aniversário da ditadura militar dada por Bolsonaro, chegou a gerar repúdio do Ministério Público e a proibição de uma juiza. Essa crise é importante para quem precisa da caserna ao seu lado em uma possível guerra na Venezuela, a serviço de Trump.

Neste contexto de crise aguda, alguns setores ditos progressistas jogam suas fichas num acordo institucional cada dia mais utópico, e outros estão dispostos até mesmo a abrir mão da luta pela liberdade de Lula para negociar a volta do poder do centrão, cuja base eleitoral é cada vez mais atingida pelos ataques de Bolsonaro. 

Mesmo nesta dificil conjuntura, a resistência dos povos aos ataques ás suas condições de vida continua sendo a marca da situação política. Desde os Estados Unidos que experiementa o ressurgimento de uma onda de greves massivas até o Brasil onde finalmente a base petista começa a se organizar para defender os direitos sociais do povo e o direitos político de governar que o povo deu ao PT e Lula - e que foram cassados pelo Golpe - se resiste aos planos imperialistas. O PT, cuja presidenta esteve na posse de Maduro é parte fundamental na resistência continental a Guerra. Ainda assim, há muito trabalho a ser feito para vencer a fragmentação e desenvolver uma verdadeira e potente resistência continental e internacional contra o imperialismo que defenda o direito dos trabalhadores e trabalhadoras construirem seus proprios partidos e com eles governar em benefício do povo oprimido. 
 

Comentários