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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

O imperialismo tem pressa! Os povos resistem!

Comentamos nos editoriais passados que o imperialismo mundial vive enormes crises institucionais, dada a crise econômica, o que pressiona as burguesias centrais avançarem sobre os mercados das burguesias periféricas (ex: Brasil abre mão de suas prerrogativas na OMC), obriga também a burguesia avançar com fúria sobre as conquistas operárias, impondo a revogação de medidas civilizatórias seculares, as chamadas reformas de Estado. Conquistas da fase ascendente do capitalismo são colocadas em cheque e para isso é preciso reprimir duramente a classe trabalhadora. Trump representa o setor do imperialismo mais abertamente favorável à repressão e à destruição das organizações dos trabalhadores. Paralelamente à repressão, o imperialismo precisa negar tudo que possa demonstrar seu papel destrutivo no Mundo. Este é o pano de fundo do “negacionismo” de Trump ao aquecimento global, assim como os ataques de Bolsonaro às instituições de ensino e pesquisa. Estratégia reconhecida pelo próprio Bolsonaro quando diz que essas instituições divulgam o marxismo. Trata-se de um elogio do vício à virtude, pois o marxismo é a aplicação do método científico à economia, e nos fatos não interessa ao capitalismo que o povo saiba que existem doenças que são negligenciadas por não serem lucrativas aos grandes laboratórios, que a super concentração populacional e  a especulação imobiliária levam a distúrbios como a gentrificação, que o aquecimento global tem uma componente gerada pelo uso, principalmente industrial, de combustíveis fósseis e que é caro demais desenvolver novas técnicas que diminuam as emissões, ou ainda que é mais lucrativo criar créditos de carbono e especular na bolsa.

Porém, como costumava dizer o velho Mané Garrincha, “é preciso combinar com os russos”.  Parece que os ‘russos’ resolveram começar a frustrar os interesses do imperialismo americano sob a batuta de Trump, que, até então, havia sofrido poucos reveses. Mas cada vez mais enfrenta resistência.
Espanha: Os franquistas, apoiados em um sistema tipo Cambridge Analítica, não conseguem derrotar o desgastado PSOE, que mesmo já tendo aplicado políticas de austeridade em diversos momentos ou defendido políticas pró imperialistas, a exemplo de reconhecer o golpista Guaidó como presidente venezuelano, ainda continua sendo a direção reconhecida da classe operária espanhola.
Venezuela: Uma nova tentativa de golpe de Estado é frustrada, embora essa tentativa tenha características de um ensaio, com o intuito de medir as forças reais do exército venezuelano e do apoio à Maduro no interior das massas. Medidas mais concretas continuam sendo planejadas por parte de Washington. 
Reino Unido: Sob o impasse de não conseguir colocar em prática o BREXIT e dos desastres de Theresa May, o partido conservador perdeu mais de mil cadeiras nas assembleias locais e 40 prefeituras nas eleições autárquicas. A derrota do partido conservador não foi acompanhada por uma recuperação dos trabalhistas, que também perderam cerca de 80 cadeiras. O resultado antecipa a reviravolta que está por vir também nas eleições européias, onde o recém-criado partido BREXIT disputa a liderança das intenções de voto com Trabalhistas, deixando bem atrás os partidários de May.

Primeiro de Maio e Lula livre
Os primeiros resultados da campanha Lula Livre começam a aparecer. A temida entrevista do Lula à folha e ao El País caiu como uma bomba sobre o país, e começa a repercutir na criação de novos comitês populares “Lula Livre”. Lula coloca o guizo no gato quando levanta o papel do departamento de justiça dos EUA no seu processo. Ao mesmo tempo, a defesa de Lula pede cumprimento da injusta pena em casa.
No primeiro de maio as centrais sindicais anunciaram para 14 de junho uma nova greve geral, contra a pauta de ataques do interventor dos EUA, que está sentado na cadeira da presidência da república. Os comitês populares “Lula Livre” precisam se ligar à greve em construção, conectando a pauta pela liberdade de Lula, cuja prisão é hoje a agulha onde se equilibra o Golpe, às lutas defensivas em curso, como a defesa da EMBRAER, a luta contra a venda das refinarias da Petrobras, contra a reforma da previdência, a entrega da base de Alcântara, os cortes na ciência e a criminalização dos professores. Contudo, é necessário ter cuidado, pois a repressão e a perseguição escalam. Medidas de criminalização das organizações dos trabalhadores estão no horizonte, pois certamente teremos censura de todo o tipo, com ou sem base no ordenamento jurídico, como as ocorridas no carnaval em algumas cidades. A organização coletiva é a melhor forma de resistir e revidar à esta fase da repressão.


 P.S. Este texto foi escrito antes do anúncio da prisão de Louisa Hanoune, ainda que sua publicação seja depois. O assunto, da maior gravidade, está e continuará sendo tratado nas demais publicações do blog. Registramos, contudo, a tomada de posição da CUT e do PT

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