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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Entrevista com Dema, candidato a presidente do PT do Rio de Janeiro

O camarada Dema, e é assim que faz questão de ser chamado, é candidato a presidente do diretório do PT da capital do Rio de Janeiro. Dema é um antigo militante de base do PT do Rio. Sua candidatura a presidente municipal forçou o debate sobre núcleos na etapa municpal do PED municipal no Rio. Sua candidatura tem crescido em áreas abandonadas pelas estrutura do partido, como na Zona Oeste, nas quais a militância do PT está se organizando para reconstruir o partido. 

Com a palavra, Dema.

C&R: Como você se aproximou do PT e comecou a militar? Conte-nos um pouco sobre sua trajetória.

Dema: No início dos anos oitenta eu trabalhava  na PUC e exercia a função de servente na oficina mecânica. Nesta época acontecia muita movimentação estudantil no pelotis, eu e os companheiros da oficina observamos na hora do almoço. Estava rolando movimentos.pela reconstrução da UNE.
Ali  comecei a ouvir nomes como Prestes, Lula, Arraes isso me chamou a atenção. Ia rolar as eleições para o DCE e a chapa mais ativa era a Mutirão Estudantil. Então, todo dia na hora do almoço rolava as plenárias no pelotis e a peãozada ficava ali assistindo
Sai da PUC e acabei nas garras da Convergência Socialista onde fui militar no Alicerce da Convergência Socialista. Nesta época trabalhava como office boy  em um escritório de contabilidade na Praça Tiradentes e militava no movimento estudantil era secundarista.
Assim tive meu contato com a política e com o processo de fundação e filiação do PT.

C&R: Fale um pouco sobre a luta política na Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Dema: Nos anos 80/90 tinha uma efervescente cena política na Zona Oeste. Depois da passagem pelo mov. secundarista fui militar no movimento comunitário, o Rio era governado por Brizola e a Famerj era uma poderosa entidade que conseguia reunir três mil delegados em um congresso na UERJ.
Foi um momento rico na Zona Oeste as Associações de Moradores tinham muita capilaridade e capacidade de mobilização.
Foi uma experiência rica, alinhei a militância na construção do PT a militância no movimento popular. Nesta época eu trabalhava como auxiliar de serviços gerais na fábrica de tecidos Bangu e na greve geral de 85 conseguimos para noventa por cento do turno em que eu trabalhava.

C&R: Quais foram os piores efeitos do golpe na cidade do Rio de Janeiro?

Dema: A eleição do Wilson, Bolsonaro e uma bancada federal sem conteúdo político, inexpressiva no cenário nacional e sem compromisso com as lutas dos trabalhadores.
O Rio de Janeiro perde totalmente o protagonismo e passa a ser um ponto invisível.
Então, Bolsonaro conta com a subserviência e o silêncio absoluto da maioria da bancada e no campo federal avança na desconstrução das políticas sociais, dos direitos e no descredenciamento das instituições em todas as áreas.
O Sr. Wilson implementa a política de extermínio do povo pobre e negro tendo como única proposta do seu governo o investimento na área de segurança. Mas, não tem efetivamente um plano de segurança, com isto o que temos visto é a redução dos postos de trabalho e o esvaziamento do estado.
Claro, temos o Crivella um alcaide ausente que até o momento não disse para o que veio. A saúde pública anda mal, o transporte continua sob a tutela da Fetranspor e assim caminha nossa cidade

C&R: Como tem sido a reconstrução do PT na Zona Oeste? Existe comitê Lula Livre? Estes comitês tem suporte de material de campanha pelo Diretório Municipal do PT?

Dema: A reconstrução do PT tem sido um trabalho muito difícil. O momento político não ajuda e a direção municipal é incapaz de articular as pontas e construir diálogos que possam contribuir para reestruturação do partido na região. Um verdadeiro abandono! Não fosse a garra e capacidade da militância local, o PT não existiria mais na Zona Oeste, assim como não existe na Ilha do Governador, onde não exeiste sequer uma comissão provisória.
Duas zonais mantém-se funcionando e tem organizado a luta em defesa da liberdade do Presidente Lula. Tanto a décima primeira zonal quanto a décima terceira participaram da reunião na CUT juntamente com a primeira e segunda zonais. Surgiu ali o embrião do que viria a ser os Comitês em Defesa da Democracia e do Lula no Rio.
Não, os comitês não tem suporte do DM. Eles se auto-financiam com doações, venda de camisetas…
O Diretório Municipal ignora qualquer coisa que possa organizar o PT ou a luta dos trabalhadores. É  alheio e ausente. A direção é burocrática e não tem vínculo com qualquer movimento social.

C&R: Você é conhecido pela defesa de núcleos no PT. Qual a importância dos núcleos na sua opinião?

Dema: Os núcleos são a principal forma de capilaridade real do PT. Onde tem núcleo, nós temos condições real de conhecer a realidade local, assim temos como construir políticas para a ação na região. Para além disso, segundo o estatuto, "Os núcleos são os guardiões da democracia interna no PT".
Reestruturar o PT a partir da sua base significa investir pesadamente na criação e multiplicação dos núcleos e na formação política dos.militantes, dando a eles condições de analisar a conjuntura, avaliar situações e construir intervenções locais.
Defender os núcleos não é ser basista, mas sim acreditar que os núcleos são locais de construção real e um espaço democrático de participação.

C&R: Lula é um prisioneiro político. Diversos casos de perseguição politica vem sendo relatados na cidade e no estado do Rio, em particular contra professores, mas também contra sindicalistas. A militância do PT também é alvo. Como presidente do PT do Rio, como você pretender tratar os casos de militantes vítimas de perseguição?

Dema: Temos que ter um olhar atento a esta situação. Vivemos um momento de violência contra direitos e liberdades. O PT é filho da luta por direitos e liberdades e não pode se falar diante de situações como as que vem ocorrendo. Tanto na questão do Presidente Lula quanto dos militantes que tem sido vítimas de perseguição, seremos incansáveis na denúncias e na busca de garantias para que estes Camaradas tenham seus direitos e liberdades garantidos. Acredito que diante da gravidade desta situação faz-se necessário abrir imediatamente o debate internamente com a direção do Partido e juntos, construir qual a melhor proposta para organizar a luta. A existência do núcleo "ninguém fica para tras" é um grande passo. Aprofundar o debate pautando a discussão nos fóruns internos é extremamente necessário para que todos tomem conhecimento. Feito isso, veremos se lutamos para a criação de um secretaria ou qualquer noutro meio.


Comentários

  1. Conheço o Camarada Dema há 3 anos. Tempo que milito na 11a Zonal, apesar de ter me filiado ao Partido dos Trabalhadores em Fevereiro 2019. O que o Dema coloca em seu manifesto e também, na entrevista, é o que sempre ouvi por parte dele e também, é a forma em que enxergo a situação. Sem base a casa cai. Sem base (os pés) o homem não tem equilíbrio. O Partido no RJ precisa de Presidente e executiva formada por membros comprometidos e com experiência de luta que impulsione a sociedade Carioca para melhor conduzir as diretrizes determinadas pela direção nacional.

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