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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Entrevista com Maria de Jesus, candidata a presidenta municipal do PT Florianópolis

Maria jogou um papel fundamental na resistência contra o Golpe em Santa Catarina. Junto com as mulheres petistas ajudou a organizar a luta contra o impeachment de Dilma, e, uma vez consolidado, se empenhou na construção do Comitê Pela Anulação do Impeachment na sua cidade, que se juntou à coleta de milhares de assinaturas em defesa do direito de Dilma continuar governando. Nestas eleições internas do PT é candidata a presidente para continuar ajudando a unir e construir o PT local.

C&R: Como você se aproximou do PT e comecou a militar? Conte-nos um pouco sobre sua trajetória.

Maria: Eu me aproximei do PT no final dos anos 80. Foi na primeira campanha eleitoral presidencial de 1989. Na época eu era uma jovem religiosa missionária. Estava inserida nas comunidades eclesiais de base. Tinha formação política e de conjuntura baseada na teologia da libertação. Era uma efervescência política, pós ditadura militar. Eu vivia em Maceió, AL. Tinha uma grande sintonia com as comunidades, com a periferia,  com as crianças e a juventude! Tudo isso me introduziu a optar pelo Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras.

C&R: O que você avalia que mudou no Brasil com o Golpe em Dilma?

Maria:  O pós golpe de estado, de um tal impeachment fraudulento e misógino, mudou muita coisa no Brasil. Tudo que foi construído pelo programa de governo do PT foi destruído. Começando pela emenda constitucional 95 que congelou por 20 anos as políticas públicas que vinham sendo implementadas. A reforma trabalhista, colocou a classe trabalhadora de joelhos, submetidos a nova ordem da exploração. Estas mudanças tiveram sucesso porque os meios de comunicação comandam a classe trabalhadora, as deixam passivas, sem poder de reação. O golpe fragilizou muito a democracia. Sem democracia não tem direitos!

C&R: O PT funciona bem em Florianópolis? Tem ajudado na luta contra o Golpe? Ajuda a organizar os comitês Lula Livre?

Maria: O PT de Floripa, carinhosamente chamamos assim! Sim, funciona bem, mas pode melhorar! Durante o golpe estivemos nas ruas e praças contando as as pessoas que neste momento o Brasil passa por um golpe de estado. Uma das iniciativas de nosso diretório foi trazer a juventude para dentro da sede do partido. Implantamos um curso de pré vestibular e Enem. Já são 2 anos do curso, com aprovação em várias universidades de SC e também da Federal do Paraná. Os professores são voluntários. Temos 3 núcleos de base, no norte, no sul da Ilha, bem como no continente. Temos os núcleos setoriais de Educação,  Energia, LGBTI e  Combate ao Racismo. Neste período desenvolvemos diversos cursos de formação política. Nossa secretaria de comunicação tem desenvolvido um trabalho de formação sobre mídias sociais. E desde o segundo turno das eleições de 2018 estamos em diálogo permanente com os partidos políticos de esquerda, com o objetivo de fazermos uma frente ampla com um projeto de cidade. Para nos ajudar nessa tarefa convidamos um grupo de pessoas do Uruguai, do partido do Mujica, lá no Uruguai eles governam com uma frente ampla de partidos de esquerda. Temos também a tenda LULA LIVRE na UFSC e no Centro da Cidade, dialogando com a população na denúncia de que Lula é preso político.

C&R: Porque você decidiu ser presidenta do PT? Você não acha o partido machista com suas mulheres?

Maria:  A minha candidatura à presidência do PT de Floripa é fruto do desejo de um grupo de 96 pessoas que compõe a nossa chapa. Atualmente estou na comissão executiva Municipal do PT de Floripa como secretária de formação política e realizamos cursos de formação política para debater sobre gênero, mulher na política. As mulheres do PT de Floripa me animaram. E por isso que criei coragem. Temos 3 candidaturas para presidência do PT. Somos duas mulheres e o nosso único vereador que disputamos a presidência, no universo de 2.800 filiados.
O machismo no partido é presente. Sabemos que a política sempre foi "coisa" de homem. Para vencer o machismo ainda precisamos superar e ocupar os espaços. O PT vem incentivando as mulheres com o projeto "Elas por Elas" e na formação e organização dos setoriais de mulheres. Em Santa Catarina temos nossa secretaria estadual de mulheres e também faço parte deste coletivo.

C&R: Nacionalmente, você defende a recondução de Gleisi como presidenta do PT? Porque?

Maria: Sim. Se delegada votarei em Gleisi, mas sabemos que o  PT é um partido de massas, supera os dois milhões de filiados. A nossa direção nacional será definida no seu 7° Congresso Nacional. A nossa presidenta, Gleisi vem representando muito bem o nosso partido. A sua recondução se dará pela escolha de delegados eleitos pelas 9 chapas nacionais inscritas no PED. A luta para reeleger Gleisi está só começando!

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