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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Entrevista com o companheiro Ernesto Sampaio

Ernesto Sampaio nos concedeu uma entrevista há um ano atrás, no dia 30 de agosto de 2019, quando era candidato a presidente do Diretório Municipal do PT de São João de Meriti. Hoje, Ernesto é vice-presidente desse diretório e teve papel importante na luta para que a prefeitura negacionista de Meriti adotasse medidas contra a Covid-19.

1.C&R:  Ernesto, que balanço você faz desse ano transcorrido? Ano em que tivemos a libertação de Lula, o Congresso do PT, você se tornou vice-presidente do PT- Meriti e a pandemia nos colocou em um verdadeiro Estado de exceção? ?
Companheiro Ernesto::
Na verdade, com relação à pandemia, o prefeito não fez absolutamente nada. Pelo contrário, ele deixou de seguir as recomendações da OMS, deixou de seguir recomendações do governo estadual e, ainda por cima, incentivava, junto às bases aliadas do partido, manifestações pró-trabalho, pró-vida e dizia que as pessoas tinham que estar nas ruas ou trabalhando, no auge da pandemia no Estado do Rio.

2.C&R:  : Quais as condições reais da cidade de São João de Meriti frente a pandemia?
Companheiro Ernesto:
No final de abril, no começo de maio, a gente entrou com uma Ação Popular contra a Prefeitura, contra o Dr. João, por ele não ter seguido nenhuma recomendação, por não exercer nenhuma ação consequente contra a pandemia. E, logo após a ação ele colocou na cidade três lonas para atendimento do público e um baner gigante: “Prefeitura contra o Coronavírus”. Entretanto, além disso, nada de efetivo, nada de testes. Pelo contrário, ele começou uma vacinação contra a Influenza e essa vacinação em vez de se realizar com os agentes de saúde visitando os idosos por mapeamentos, deu-se em Postos de Saúde, o que causava mais aglomeração ainda dos idosos.

3.C&R:  Como foi a luta para que o prefeito de São João tomasse medidas de profilaxia contra a Covid-19?
Companheiro Ernesto:
Foi uma luta muito dura para o prefeito começar a tomar as medidas; tivemos que entrar na justiça. Foi preciso fazer inúmeras reclamações, organizar movimentos contra a Prefeitura na cidade, com o povo muito fragilizado e sem poder se aglomerar. E, para nós, que somos da esquerda, fazer qualquer tipo de atividade desse tipo é muito difícil, mas conseguimos que fosse atendida a maior parte dos pedidos. Mas, logo em seguida, quando houve a flexibilização, o prefeito deixou tudo voltar ao normal e hoje, a cidade de São João de Meriti vive um pleno desequilíbrio em relação à realidade social do Estado.

4.C&R:  Como o Partido dos Trabalhadores está organizado na cidade frente à impossibilidade de encontros presenciais? Existem núcleos operando? Há alguma campanha de solidariedade entre os militantes?
Companheiro Ernesto:
Há muita dificuldade para qualquer militante de esquerda se organizar de forma diferenciada, como essa pandemia exige. A gente teve que pensar em inúmeras estratégias de possibilidades que tivessem resultado de fato e começamos uma campanha com parte da juventude. Criamos o Delivery da Ajuda, em que os moradores ligavam, mandavam uma mensagem pelo whatsapp e os voluntários iam buscar os alimentos na porta de cada casa doadora. A partir daí, montávamos uma minicesta e atendíamos uma lista de pessoas necessitadas. Ajudamos cerca de 170 famílias, no auge da pandemia, quando as pessoas estavam sem trabalhar e sem perspectivas. Apesar disso, quando o auxílio emergencial ainda estava sendo protocolado, muita gente

5.C&R: Você aderiu recentemente a uma campanha pela anulação do impeachment de Dilma e as medidas de Temer na presidência. Qual a perspectiva de crescimento dessa campanha na sua cidade?
Companheiro Ernesto:
A primeira urgência trazida pela anulação do processo de impeachment da Presidenta Dilma, além de ser uma questão de honra para os trabalhadores, é manter a dignidade da história do Brasil. Então, há possibilidade de realizar trabalho muito duro aqui, para trazer o PT para mais próximo dessa campanha, para o povo ter presente a noção de que o impeachment tem que ser anulado pois a Dilma mantém seus direitos políticos de forma legal. O golpe foi instrumentalizado pelo sistema jurídico brasileiro, com apoio internacional para influenciar a política nacional. Isso ficou muito claro também em 2018. A presidenta Dilma é presidenta honrada dentro do Brasil, é a mulher que temos como referência dentro do Partido dos Trabalhadores, em São João de Meriti. Sem dúvidas, é uma liderança para a gente. Então, o que depender da nossa cidade para construir essa campanha, vamos fortalecê-la cada vez mais.

6.C&R: A letalidade do vírus (número de casos/número de óbitos) em São João de Meriti é muito alta (0.14), quanto na cidade do Rio de Janeiro é de 0.03. Você tem ideia da razão dessa discrepância enorme, visto que São João de Meriti é encostado no Rio de Janeiro?
Companheiro Ernesto:
A primeira questão é que a Prefeitura diz que tem mais de 3 mil casos, mas não há acompanhamento diário para sabermos o número de mortos por dia. Os casos de óbito, segundo a Prefeitura, são 393. Eu acho muito contraditório, porque a cidade vive um dia a dia com aparente normalidade, as pessoas não estão sendo orientadas, a Prefeitura não dá nenhum tipo de amparo. Não tem termômetro, não tem distribuição de máscaras, não tem nenhum tipo de programa que esteja sendo realizado pelo poder municipal para tentar atrelar isso ao combate ao Coronavirus. Muito pelo contrário, o prefeito está muito preocupado com reeleição, em colocar o povo trabalhador, ameaçado pelo risco da contaminação, para tapar buraco de rua, fazer aquela maquiagem que, de quatro em quatro anos, se repete em toda a Baixada Fluminense. Assim, estamos muito perdidos numa luta muito dura quanto a isso, tentando, além de tudo, construir uma nova possibilidade político-administrativa para São João de Meriti, lutando para o vírus não destruir a cidade por causa da negligência do prefeito.

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