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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Mas e o Lula? E o PT?

Recessão a vista?

As principais economias do Mundo colecionam indicadores negativos, mostrando que uma forte recessão mundial  pode estar a caminho. A guerra comercial entra em uma nova fase, agora com elementos cambiais. A desvalorização do Yuan fez o dólar disparar no Mundo todo, gerando prejuízos aos mais ricos do planeta. Uma conseqüência do incremento das taxas anunciada por Trump, que procura, a qualquer custo, equilibrar a balança comercial EUAxChina, que teima em pender  para o leste. A situação fica ainda mais complicada quando a economia alemã patina. 

A principal economia do mundo parece ter encontrado na China um competidor a altura e, pela primeira vez desde a segunda guerra mundial, um país que possui domínio sobre o desenvolvimento de alta tecnologia, além de ser detentor de uma reserva significativa de terras raras, que servem de matéria prima fundamental para o desenvolvimento de componentes tecnológicos. O Estado Chinês investe pesado em inovação e já assume posições importantes na produção de ciência em escala globalO Plano Made in China 2025 pode colocar o país na liderança de uma economia mundial, atualmente em frangalhos. 

EUA não cederá sua posição pacificamente 

A última vez que aconteceu uma troca no posto de principal economia do imperialismo foi na segunda guerra mundial, quando EUA tomou a posição da Inglaterra. Trump aumentou ano passado o investimento em defesa e tenta tutelar permanentemente o sistema de defesa da UE. Mais uma pequena indicação de que a opção bélica está no cardápio, tal qual foi cogitada poucas semanas atrás.  Embora os EUA tenham uma enorme dívida publica e a maioria de seus títulos de dívida estejam nas mãos da China, setores do partido democrata defendem o aumento da dívida para investir na chamada economia verde, o Grenn New Deal. Apesar de compor a ala esquerda do partido Democrata, o Democratas Socialistas da América defende esta bandeira. Nunca é demais lembrar que o New Deal original foi um plano de recuperação capitalista da economia estadunidense após a crise de 29, que culminou no esforço de guerra na década de 40.

Conseqüências para os povos

O crescimento dos grupos de extrema direita no mundo sempre esteve ligado às crises econômicas, ao desemprego e à desvalorização da mão de obra, que hoje atende pelo nome de uberização. Na fase imperialista do capitalismo, onde não existem mais novos mercados para serem conquistados, quando a taxa de lucro das grandes corporações tende a cair, a única variável possível para o sistema sobreviver é o preço da mão-de-obra. Os níveis de desregulamentação mundial chegam a padrões incríveis e os ataques são liderados por diversos títeres como, no Brasil e na India,ou mesmo nos EUA. Neste cenário de ataques aos direitos trabalhistas, é fundamental o ataque às organizações dos trabalhadores. Vivemos em uma época em que as organizações operárias, sejam elas sindicais ou partidárias, não podem mais ser toleradas. A aplicação da austeridade fiscal e desregulamentação trabalhista são inseparáveis da agenda de perseguição contra as lideranças operárias.

O caso argentino

O presidente argentino Mauricio Macri é um retumbante fracasso. Apresentado pela direita brasileira como um exemplo a ser seguido, já há quem justifique este fracasso pela ausência de rigidez contra os setores oprimidos da sociedade, a exemplo do que faz Bolsonaro. A direita brasileira tenta esconder a todo custo o desastre do modelo econômico da Argentina e apresentar a Venezuela como um inferno na terra, se apoiando na cantilena  provocada crise humanitária. Essa semana, Maduro acusou Álvaro Uribe, ex-presidente da Colômbia, de planejar o seu assassinato. As mentiras contadas pela direita não duram muito, pois os povos ainda resistem. Mesmo em um país como a Argentina, onde a classe operária não tem uma representação política própria, como o PT brasileiro.


A  ditadura de 2016

O estrago causado pela ditadura que tem Bolsonaro como cabeça merece um artigo a parte. Contudo, aqui merece destaque a mídia festejar que a taxa de emprego oscilou dentro da margem de erro. Porém o verdadeiro espírito da ditadura de 2016 é dado pelo CEO do ITAU. “As reformas deixam o Brasil em uma situação tão boa como eu nunca vi em minha carreira”. E completa: Estamos otimistas com a economia em médio prazo e acreditamos que esse desenvolvimento pode ser sustentável”. Sendo que o próprio ITAÚ está fazendo um Plano de Demissão Voluntaria, por conta da digitalização, o que mostra que seu lucro anual de 25 bilhões não se reverte em novos empregos. O povo é atacado por todos os lados. No Rio, Witzel assume uma verdadeira política de extermínio, matando a torto e a direito nas comunidades. É a materialização local da guerra aos povos. 



A Centralidade do Congresso do PT

Como disse o CEO do ITAÚ, a instabilidade política até agora não atrapalhou a tramitação dos ataques ao povo trabalhador no Congresso. No último dia 13 tivemos mais atos, grandes e bem sucedidos, contudo sem grande impacto. Assim como a luta para libertar Lula também não tem surtido grande efeito e a sua prisão política já completa 500 dias. Os fatos mostram que a única coisa que eles realmente temem é o PT e isso é fácil de mostrar, pois o nome de  Lula não sai do debate político, a ponto de ser um dos memes mais populares o famoso "Mas e o Lula ? E o PT?". A questão central do momento é como canalizar essa força para mudar a situação. Infelizmente, quando lemos as teses ao Congresso do PT, não vemos resoluções que possam mudar alguma coisa. A maioria das teses parecem uma cópia das teses de congressos anteriores, cheias de verborragia ideológica, mas pouco apegada aos fatos mais recentes. A questão é que nos últimos anos o PT se afastou das bases. A destruição dos núcleos, certamente uma imposição dos aliados patronais, alijou a base da vida partidária e deixou o partido míope perante os problemas de sua base, que hoje é perseguida pelas forças da repressão e constata que seu partido não tem uma secretaria específica para defender seus militantes. Ainda mais com a chegada das campanhas salariais das principais categorias agora no segundo semestre. Precisamos imediatamente eleger Gleise e Wadih presidentes, reconstruir os núcleos do partido nas bases e constituir uma secretaria de autodefesa que atue contra toda perseguição política. Essa é certamente uma forma de ajudar na luta contra o golpe. 

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