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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

Pandemia de Corona Virus é fruto do capitalismo, um modo de produção agonizante, que desenvolveu caracteristicas parasitárias.

Um verdadeiro estado de excessão mundial se abate sobre o planeta, o direito de ir e vir esta suspenso na Europa.  Boa parte dos países do ocidente estão com suas fronteiras fechadasvôos entre EUA e Europa estão cancelados. O que parece roteiro de um filme de ficção ciêntifica cyberpunk pós apocalíptico é a realidade deste março de 2020, todos acusam a pandemia de Corona Vírus. Afinal de contas, todas as medidas necessárias devem ser tomadas para impedir o avanço de uma pandemia que tem uma expectativa otimista de 100 mil mortos só no Reino Unido, a pessimista é 500 mil. O mundo está basicamente parado. As consequências futuras deste tipo de experiência em nível global, levantam riscos de fechamento de regime no mundo todo, como discute um artigo do Voz Operária.
A população de rua no Brasil aumentou 53% desde o golpe de 2016.
O parasitismo capitalista atinge dramaticamente  a principal força produtiva da sociedade, a classe trabalhadora

A Culpa é do Vírus?
A agência Brasil informa que a bolsa de valores, índice ibovespa, caiu mais de 10%, acionando um dispositivo que encerra o funcionamento da bolsa quando existe grande desvalorização, o dolar também esteve próximo a marca histórica de 5 reais, o barril de petróleo teve enorme baixa, por conta disso a Secretaria de Política Econômica  reduziu a previsão de crescimento da economia para 2.1%. Seria efeito da pandemia? Os efeitos não ficam restritos ao Brasil. Trump diz que EUA podem entrar em recessão  e coloca a culpa na Pandemia. Contudo, o economista Michael Roberts discorda, em recente artigo ele diz "Tenho certeza de que, quando esse desastre terminar, a economia dominante e as autoridades afirmarão que foi uma crise exógena nada a ver com falhas inerentes ao modo de produção capitalista e à estrutura social da sociedade. Foi o vírus que fez isso." .  Parece que as acusações contra a pandemia vieram antes do que Michael Roberts esperava, mas os fatos mostram que a economia já estava diante de uma recessão, como nós mesmos repercutimos em artigo sobre a cúpula de Davos, onde o FMI recomendava que os governos investissem para reaquecer a economia  e em outro artigo também repercutimos análises acerca do Green New Deal, que seria um acordo para mudar a base energética dos EUA, impedir o aquecimento global e ao mesmo tempo retomar o crescimento econômico. Seriam medidas bastante desesperadas para que a economia se recuperasse, como descreve Michael Roberts em outro artigo, acerca do esgotamento das medidas kenesianas para o estímulo da economia e a falta de resposta dos mercados. Roberts comenta : 
"A política monetária está ficando sem munição e não estava funcionando de maneira alguma para restaurar o investimento, a produtividade e o crescimento das empresas, mesmo antes da epidemia de vírus. O Federal Reserve dos EUA reduziu sua taxa de juros (o piso para todas as taxas de juros) em ½% na semana passada e planeja mais cortes. Tem algum espaço para fazê-lo. O Banco Central Europeu (BCE) pode seguir esta semana e talvez o Banco da Inglaterra também. Mas esses bancos já têm suas taxas de apólice próximas de zero, portanto não têm muito mais a oferecer. O Banco do Japão está em zero há anos. O corte do Fed não teve nenhum efeito em parar o colapso das bolsas de valores globais: tudo o que fez foi enfraquecer o dólar."
E critica abertamente o economista Kenesiano Paul Krugman, por sua insistência em defender medidas econômicas que não deram resultado em diversos lugares:
"Krugman defendeu que essa política para o Japão tenha déficits permanentes há 20 anos, mas o Japão não conseguiu sustentar o crescimento real do PIB - de fato, estava entrando em outra queda imediatamente antes da epidemia. O aumento dos gastos do governo salvará o colapso das companhias aéreas, empresas de energia e outras operações baseadas em viagens. Como interromperá a dramática queda do preço do petróleo, levando ao colapso do investimento em empresas de xisto e energia em todo o mundo?"
Em geral este tipo de medida serve para estimular o consumo, contudo em uma situação onde viajar está proibido os efeitos são questionáveis
"Alguns argumentam que os preços mais baixos dos combustíveis aumentarão os gastos dos consumidores, assim como o dinheiro do governo entregue às famílias. Mas se lhe for dito para não viajar, os preços mais baratos das bombas não farão muito. E o que também é esquecido é que dois terços das transações em uma economia capitalista moderna são de empresa para empresa, não de negócios para consumidores. Então, o que importa são as decisões de investimento e negociação das empresas. Se sua empresa o demitir por causa de uma queda nos lucros, é improvável que receber uma doação em dinheiro do governo o estimule a comprar mais coisas e serviços."
Aqui Roberts comenta a diferença da economia planificada da China na prática, os investimentos governamentais na China repercutem na vida real, não vão parar no setor especulativo, como no Brasil, onde o golpismo queima as reservas cambiais, acumuladas pelo PT, para manter o dólar baixo e fracassa de forma retumbante.
Reservas cambiais brasileiras ao longo dos anos, entre os governos de FHC e Dilma.  



"Krugman defende um acréscimo de 2% nos investimentos do governo por meio de financiamento deficitário. Se implementado, isso levaria o investimento do governo para o PIB nos EUA para cerca de 5% - uma alta no pós-guerra. No entanto, o investimento empresarial e imobiliário é de 15 a 20%. Se isso caísse 25% em uma queda, o impacto para baixo seria o dobro do pacote de estímulos de Krugman. Portanto, a menos que houvesse uma grande mudança do investimento capitalista para o estado, esses gastos com déficit seriam insuficientes para reverter ou evitar uma queda no investimento capitalista. Somente a China já adotou um uso tão grande do investimento do governo em uma economia e conseguiu reduzir ou evitar uma queda - como fez em 2008-9.
Krugman e a maioria dos keynesianos falam apenas sobre estímulos fiscais nas economias do G7."
Roberts salienta o problema das economias dos países não imperialistas, que não teriam condições de manter esses níveis de investimentos e endividamento, inclusive por estarem sob política de austeridade.
 É possível esperar que todas as chamadas economias emergentes recorram a estímulos fiscais? A desaceleração global do comércio e dos investimentos já atingiu as economias emergentes, várias das quais caíram em quedas definitivas. Os mercados emergentes enfrentam um sério problema de "estagnação secular". O crescimento em quase todos os casos foi muito menor nos últimos 6 anos do que nos 6 anos anteriores à Grande Recessão. E na Argentina, Brasil, Rússia, África do Sul e Ucrânia, não houve crescimento. Os mercados emergentes (EMs) que em 2019 cresceram menos do que os mercados desenvolvidos foram Brasil, Uruguai, Turquia, África do Sul, Equador, México, Arábia Saudita e Argentina. Os EMs que mal superaram os mercados desenvolvidos foram Rússia, Nigéria e Tailândia. A execução de enormes déficits orçamentários nesses países é condenada por empresas como o FMI e provavelmente induziria uma corrida maciça nas moedas nacionais por investidores estrangeiros. Em vez disso, os governos estão impondo mais medidas de austeridade."

Fonte: Valor economico

Roberts explica que estamos vivendo o início de uma longa depressão:
"Quem lê regularmente meu blog sabe que tentei mostrar que as causas da Grande Recessão e da Longa Depressão que se seguiu (notada por Joe Stiglitz de acordo com Delong) não eram uma 'falta de demanda' ou uma crescente desigualdade.   ( A desigualdade causa crises ). Estes são sintomas ou descrições da crise, não as causas. As causas estão na rentabilidade do capital, permanecendo tão baixa e na dívida, tão alta, mesmo após a Grande Recessão. Regulamentação bancária, flexibilização quantitativa, estímulo fiscal em alguns países e outras medidas não conseguiram levar as principais economias de volta ao crescimento da tendência pré-crise." Para Roberts a causa da longa depressão que ele anuncia é outra:
"Meu artigo foi intitulado 'Depressões, recessões e recuperações' ( Recessões, depressões e recuperações 071215 ) e argumentou que as economias dos EUA e do mundo estavam em uma depressão longa que poderia ser distinguida de uma recessão econômica capitalista 'normal' porque a economia não retornou. à taxa de crescimento econômico anterior na recuperação de uma queda. Em vez disso, o crescimento econômico, o emprego e a renda cresceram lentamente bem abaixo da tendência e as economias voltaram à recessão. Tais depressões são raras; houve apenas três: na década de 1880 na Europa e nos EUA; na década de 1930 e agora desde 2008. Argumentei no artigo que as principais razões pelas quais a economia global está em depressão são porque a rentabilidade do capital não se recuperou e porque a dívida corporativa e pública permanece historicamente alta, ambas pesando sobre o investimento em tecnologia para aumentar a produtividade e o crescimento.  Uma combinação de fatores depressivos se reunirá, não vista desde a década de 1930 .  Uma conseqüência dessa depressão é que nenhuma quantidade de políticas convencionais, como incentivos monetários (QE) ou estímulos fiscais (gastos do governo), pode mudar as coisas.   Os leitores regulares do meu blog saberão que venho pressionando essa tese há vários anos (na verdade desde 2009) e tenho um livro, intitulado The Long Depression, que será lançado no próximo mês."
As datas demarcadas por Roberts para as recessões anteriores são justamente anteriores a grandes períodos de guerras. A primeira e a segunda guerra mundial foram antecedidas por períodos de enormes baixas na taxa de lucro. Guerras são uma forma de destruição maciça de forças produtivas.  No Blog da Boitempo outro  economista, o professor Maurilio Lima Botelho da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro avança na mesma perspectiva que Michael Roberts:
Gráfico mostrando a taxa de lucro no setor produtivo dos  EUA
Fonte: Michael Roberts
"É o que vemos em todo o mundo nesse momento e que deve se encaminhar também para o “centro hegemônico”. A tendência secular da queda da taxa de lucros chegou a um patamar tão coercitivo que os próprios juros foram forçados a um mínimo pela massa histórica de capital monetária disponível globalmente. Não se pode afirmar mais que a “causa de rendimentos negativos em todo o mundo é excesso de capital sem oportunidades de investimento produtivo”10 – isso foi a base da “hipertrofia financeira” que começou há pelo menos 35 anos. O que se trata agora é um excedente de capital tão monstruoso (alimentado por injeções sistemáticas dos bancos centrais com a “flexibilização monetária”) que temos cada vez menos rentabilidade até mesmo nos investimentos especulativos. A “superacumulação absoluta de capital” (Marx) atingiu tal nível que a massa de capital fictício circulando é esmagadoramente gigantesca diante dos mecanismos de rentabilidade oferecidos. A queda da taxa de lucros, num mundo afogado em capital, aparece cada vez mais também sob a forma de uma queda geral da taxa de juros. O desarranjo histórico entre uma taxa e outra parece agora liquidado e as duas seguem a mesma tendência de queda. O desastre financeiro mundial está à espreita, resta saber se será antes ou depois do Banco Central dos EUA operar com juros reais negativos."
Não são vozes isoladas, Kristina Georgieva, diretora do FMI, recentemente comparou a década de 20 do século 21 com a década de 20 do século passado:
"Uma questão que não enfrentamos na década de 1920, mas que hoje enfrentamos com urgência é a mudança climáticaMuitas vezes, são as populações pobres e mais vulneráveis que suportam o peso desse desafio existencial que se desenrola. O Banco Mundial estima que, a menos que alteremos o caminho climático atual, mais 100 milhões de pessoas poderão viver em extrema pobreza até 2030". Na década de 20 do século passado a crise de 1929, foi enfrentada com medidas de intervenção estatal na econômia, e essas medidas só preparam a guerra, que estava por vir, a disputa por novos mercados entre os diversos imperialismo e a destruição maciça de forças produtivas, nos EUA o nome do plano foi New Deal, a analogia é tão diréta  que o plano para estimular o investimento na industria se chama Green New Deal. 

'Furacões, Pandemias e guerras são opotunidade de reconstrução'

Voltando a Michael Roberts,  ele descreve como o problema da lucratividade é resolvido no capitalismo:
"As reformas "social-democratas" foram concedidas (com relutância) à pressão trabalhista na "Era de Ouro" (Pós Guerra -Nota de C&R)das décadas de 1950 e 1960, quando a rentabilidade do capital era alta. Mas depois que a rentabilidade caiu para o início dos anos 80, a contra-revolução "neoliberal" de impostos corporativos mais baixos e impostos sobre os ricos, desregulamentação bancária, restrições sindicais e privatização tornou-se a norma. Não foi por acaso. Foi feito para aumentar a lucratividade com algum sucesso."
Portanto o problema da lucratividade é resolvido rebaixando o preço da mão de obra. A uberização é a ultima palavra em termos de ataque aos direitos trabalhistas. Lembrando Lambert, em seu texto-Automação e Revolução- na fase imperialista os avanços tecnológicos são usados como arma contra a classe trabalhadora. Porém essa não é a única forma. No artigo -Alguns Dados sobre o imperialismo senil e a marcha para o desmembramento do mercado mundial-(ver: Revista A Verdade- Revista teórica da IV Internacional- numero 9/10 de dezembro de 1994 -Língua Portuguesa ) Daniel Gluckstein destaca :
" O imperialismo não pode, é certo, assumir uma "perspectiva " suscetível de destruir a humanidade. Contudo, é signficativo que o imperialismo não possa conceber uma evolução no desenvolvimento das forças produtiva , senão por uma destruição maciça. Já sabemos, por exemplo, o apetite que são considerados investimentos para repor de pé cidades inteiras destruídas, como foi o caso de Beirute, ou como aquilo que já está hoje em discussão na ex Iuguslavia" . E cita o jornal International Herald Tribune de 18 de março de 1994, onde se ler um artigo com o titulo -A catástrofe de Los Angeles , fator de recuperação da economia- e o subtítulo "Os bilhões de ajuda concedida depois do terremoto dão um novo fôlego a uma região duramente atingida pela recessão". O artigo vai ainda mais longe quando considera "o desemprego arrisca voltar a subir uma vez que o processo de reconstrução tenha terminado, este recuo no desemprego seria limitado". Parece que hoje vivemos um caso muito similar, o jornalista conservador Jeremy Warmer comentou acerca dos possíveis benefícios econômicos da Pandemia "Para não colocar um ponto muito nisto, de uma perspectiva econômica totalmente desinteressada, o COVID-19 pode até se mostrar levemente benéfico a longo prazo, ao abater desproporcionalmente os idosos "dependentes" criticado Warmer responde "Qualquer redução na população em idade de trabalhar é um choque de oferta muito maior do que a mesma coisa entre os aposentados idosos." Warmer conclui "Obviamente, para os afetados, é uma tragédia humana, independentemente da idade, mas esse é um artigo sobre economia, não a soma da miséria humana.". Alguém poderia comentar que em tempos de Trump, Bolsonaro, Salvini e assemelhados essas idiotices cresceram, embora sempre tenham existido. Contudo, parece que realmente alguem está ganhando com a pandemia.
 O jornal Voz Operária apresenta um artigo com o título -Corona Vírus ajuda os EUA na guerra comercial com a China- onde se pode ler"A crise econômica levou a redução do consumo de carvão nas usinas, queda de 36%; as taxas de operação dos principais produtos siderúrgicos, queda de 15%; Produção de aço bruto, variação de 0%; Produção de carvão no maior porto (Shangai), queda de 29%; Capacidade de refino de petróleo (OPEP), redução de 34% e causaram reduções de produção entre 15% e 40% nos principais setores industriais (global).
Em 4 de março, antes mesmo da queda nas principais bolsas de valores, as autoridades da Arábia Saudita [principal aliado dos EUA] baixaram os preços do petróleo, anunciaram aumentar sua produção e ofereceram descontos a todos os seus clientes, a maior dedução para os países asiáticos.
É uma guerra econômica em torno do petróleo, iniciou-se quando a Rússia se retirou do acordo com a Arábia Saudita na OPEP, fruto da retaliação dos Sauditas ao acordo entre Turquia e Rússia no conflito na Síria. Assim, a Arábia Saudita barateou o preço do petróleo para seus parceiros e desfavoreceu o fornecimento de energia para o mercado russo.."
Portanto alguém esta lucrando com a pandemia e quem seria? O próprio Voz Operária responde:
"As operações financeiras das gigantes farmacêuticas americana Eli Lilly, Pfizer, Merck Sharp, Jhonson & Jhonson estão com tendência de alta nas bolsas de valores. 
No dia 6 de março, o pacote de emergência do Congresso dos Estados Unidos autorizou gastos de 8,3 bilhões de dólares para conter o avanço da Covid-19. Situação que abre precedente para a indústria farmacêutica lucrar sobre as vacinas e tratamentos para o coronavírus numa posição bastante favorável na atual pandemia. Enquanto as bolsas de valores despencaram, os principais laboratórios que atuam no controle da pandemia estão com índices em alta nas bolsas de valores.
Em apenas algumas semanas a um preço muito baixo, grandes conglomerados capitalistas poderão comprar grandes quantidades de petróleo em reservas e aumentando seus estoques. Washington manipula as bolsas de valores e utiliza a pandemia para beneficiar sua economia em em ambiente de desaceleração nos mercados mundiais, “comprar barato para vender caro” é um bom negócio."
Tudo bem, alguém pode argumentar que o jornal Voz Operária tem um alinhamento ideológico muito claro e não seria uma fonte segura neste caso, talvez a RTP portuguesa que reporta a ação de Donald Trump em tentar comprar a patente de uma vacina para a COVID 19  de um laboratorio alemão, ou a Deutsche Welle que reporta o mesmo caso.  Poderíamos também citar o The Intercept Brasil , que reporta exatamente o mesmo fenômeno que o Voz Operária e ainda cita o livro de Gerald Posner- Pharma: Greed, Lies and the Poisoning of America- que investiga '' . Posned comenta quanto pior a pandemia, maior a expectativa de lucro”.  A matéria do The intercept ainda completa "A possibilidade de ganhar dinheiro com produtos farmacêuticos já é excepcionalmente grande nos EUA, onde estão ausentes os controles básicos de preços que existem em outros países, o que dá às empresas mais liberdade para estabelecer seus preços do que em qualquer outro lugar do mundo. Durante a atual crise, os fabricantes de produtos farmacêuticos podem ter ainda mais flexibilidade que de costume, em razão das disposições que os lobistas do setor conseguiram inserir no pacote de recursos de US$ 8,3 bilhões para combate ao coronavírus, aprovado na semana passada, e que maximizam seus lucros decorrentes da pandemia."(ver aqui texto de Paulo Gala sobre o Oligopolio da indústria farmacêutica )

O papel da ciência na época do imperialismo

 Diante desta ação da indústria farmacêutica, em uma época que é mais rentável investir em papéis do que em produção, se abre a discussão do papel atual da ciência. Em um artigo de Karl Marx -Capital e Tecnologia-(Revista Ciência &Revolução numero 00 edição de lançamento 2019) podemos ler:
"O capital não cria a ciência e sim a explora apropriando-se dela no processo produtivo. Com isto se produz, simultaneamente, a separação entre a ciência, enquanto ciência aplicada à produção e o trabalho direto, enquanto nas fases anteriores da produção a experiência e o intercâmbio limitado de
conhecimentos estavam ligados diretamente ao próprio trabalho; não se desenvolviam tais conhecimentos como força separada e independente da produção e, portanto, não haviam
chegado nunca em conjunto além dos limites da tradicional coleção de receitas que existiam desde há muito tempo e que só se desenvolviam muito lenta e gradualmente (estudo empírico de cada um dos artesanatos). O braço e a mente não estavam separados. Do mesmo modo que por máquina entendemos a “máquina do patrão” e, por sua função, a “função do patrão”, no processo produtivo (na produção), assim é também a situação da ciência que se encarna nesta máquina, nos modos de produção, nos processos químicos, etc. A ciência intervém como força externa, hostil ao trabalho, que o domina e cuja aplicação é, por uma parte, desenvolvimento científico de testemunhos, de observações, de segredos do artesanato adquiridos por vias experimentais, pela análise do processo produtivo e aplicação das ciências naturais ao processo material produtivo; e como tal, se baseia, do mesmo modo, na separação das forças espirituais do processo no que se refere aos conhecimentos, testemunhos e capacidades do operário individual e como a acumulação e o desenvolvimento das condições de produção e sua transformação em capital se baseiam na privação do operário destas condições, na separação do operário em relação às mesmas."
Vemos que para Marx a ciência não é uma força progressista, maao contrário, esta submetida ao sistema da propriedade privada dos meios de produção, neste sentido, hoje podemos afirmar que a humanidade possui os meios para prever pandemias como a corvid-19, não vivemos mais os tempos medievais onde o comércio propagava a peste negra , mas a humanindade não possuia os meios de previsão, hoje a humanidade os possui. 
Capa do Livro de Rob Wallace. Ainda sem tradução para o português, divulgada pela Revista Monthly Review  

A epidemia de Corona Vírus foi prevista . 

Os vírus da família deste que provoca a Covid-19, chamada -Corona Virus SARS-COV-são velho conhecidos, "Coronavírus SARS (SARS-CoV) - vírus identificado em 2003. Pensa-se que o SARS-CoV seja um vírus animal de um reservatório animal ainda incerto, talvez morcegos, que se espalhe para outros animais (gatos da cidade) e os primeiros humanos infectados. província de Guangdong, no sul da China, em 2002."  E A OMS caracteriza a doença "Uma epidemia de SARS afetou 26 países e resultou em mais de 8000 casos em 2003. Desde então, um pequeno número de casos ocorreu como resultado de acidentes de laboratório ou, possivelmente, por transmissão de animal para humano (Guangdong, China).
A transmissão do SARS-CoV é principalmente de pessoa para pessoa. Parece ter ocorrido principalmente durante a segunda semana de doença, o que corresponde ao pico de excreção de vírus nas secreções respiratórias e nas fezes, e quando os casos com doença grave começam a deteriorar-se clinicamente. A maioria dos casos de transmissão de homem para homem ocorreu no ambiente de saúde, na ausência de precauções adequadas de controle de infecção. A implementação de práticas apropriadas de controle de infecção encerrou o surto global."

Em um relatório de 17 páginas -2018 Annual review of diseases prioritized under the Research and Development Blueprint Informal consultation 6-7 February 2018 Geneva, Switzerland- saido de uma reunião anual em fevereiro de 2018(em Genebra na Suiça) a OMS se referiu a um risco de uma futura pandemia chamando-a de Doença-X, o texto é de 12 de março de 2018 "A Organização Mundial da Saúde incluiu "Doença X" em seu plano global mais recente para acelerar a pesquisa e o desenvolvimento durante emergências de saúde como as epidemias de Ebola, SARS ou Zika.
O plano de estratégia e preparação, conhecido como Blueprint R&D 2018 , foi publicado no mês passado. Então, o que exatamente é a Doença X?
Esse nome enigmático "representa o conhecimento de que uma séria epidemia internacional pode ser causada por um patógeno atualmente desconhecido por causar doenças humanas", segundo a OMS.". Então a OMS parecia atenta olhando para a familia de vírus conhecida como SARS , a qual pertence esse novo vírus que provoca a COVID -19.

Qual a origem desses Vírus?

Este blog ja defendeu em outros artigos a tese de que, o obscurantismo é um traço indissociavel do imperialismo. Neste sentido, existe pouca pesquisa sobre a origem desses agente patogênicos, mas o biólogo Rob Wallace(pesquisador no Instituto de Estudos Globais da Universidade de Minnessota) parece ter uma resposta
"Graças aos avanços na produção e na ciência de alimentos, o agronegócio conseguiu criar novas maneiras de cultivar mais alimentos e conseguir mais lugares mais rapidamente. Não faltam notícias nas centenas de milhares de aves híbridas - cada animal geneticamente idêntico ao outro - embaladas em megabarns, cultivadas em questão de meses, e depois abatidas, processadas e enviadas para o outro lado do globo. Menos conhecidos são os patógenos mortais que sofrem mutações e emergem desses agro-ambientes especializados. De fato, muitas das novas doenças mais perigosas nos seres humanos podem ser encontradas em tais sistemas alimentares, entre eles Campylobacter , vírus Nipah, febre Q, hepatite E e uma variedade de novas variantes de influenza.
Em Big Farms Make Big Flu , uma coleção de expedições por turnos angustiantes e instigantes, Rob Wallace rastreia as maneiras pelas quais a gripe e outros patógenos emergem de uma agricultura controlada por empresas multinacionais. Com um humor preciso e radical, Wallace justapõe fenômenos medonhos, como tentativas de produzir galinhas sem penas com viagens no tempo microbianas e Ebola neoliberal. Wallace também oferece alternativas sensatas ao agronegócio letal. Alguns, como cooperativas agrícolas, gestão integrada de patógenos e sistemas mistos de criação e pecuária, já estão na prática fora da grade do agronegócio.
Enquanto muitos livros cobrem facetas de alimentos ou surtos, a coleção de Wallace é a primeira a explorar doenças infecciosas, agricultura, economia e a natureza da ciência juntas. Grandes fazendas produzem grandes gripes integra as economias políticas de doenças e ciências a um novo entendimento de infecções.". Em recente entrevista(11 de março de 2020) acerca de seu livro ao blog Climate-Capitalism Rob Wallace comenta
"A agricultura liderada pelo capital que substitui ecologias mais naturais oferece os meios exatos pelos quais os patógenos podem desenvolver os fenótipos mais virulentos e infecciosos. Você não poderia criar um sistema melhor para criar doenças mortais."
Rob Wallace continua
"As monoculturas genéticas crescentes de animais domésticos removem qualquer quebra de fogo imune disponível para retardar a transmissão. Tamanhos e densidades populacionais maiores facilitam maiores taxas de transmissão. Tais condições lotadas deprimem a resposta imune. O alto rendimento, parte de qualquer produção industrial, fornece um suprimento continuamente renovável de suscetíveis, o combustível para a evolução da virulência. Em outras palavras, o agronegócio está tão focado nos lucros que a seleção de um vírus que pode matar um bilhão de pessoas é tratada como um risco digno."
e complementa
"Essas empresas podem apenas externalizar os custos de suas operações epidemiologicamente perigosas para todos os outros. Dos próprios animais aos consumidores, trabalhadores rurais, ambientes locais e governos em todas as jurisdições. Os danos são tão extensos que, se devolvermos esses custos aos balanços patrimoniais da empresa, o agronegócio, como conhecemos, seria encerrado para sempre. Nenhuma empresa poderia suportar os custos dos danos que ela impõe."
Rob Wallace acusa abertamente as multinacionais
"Sim, mas isso não é um excepcionalismo chinês. Os EUA e a Europa também serviram como zeros para novas influências, recentemente o H5N2 e o H5Nx, e suas multinacionais e proxies neocoloniais impulsionaram o surgimento do Ebola na África Ocidental e do Zika no Brasil. As autoridades de saúde pública dos EUA cobriram o agronegócio durante os surtos de H1N1 (2009) e H5N2."
Não é de hoje que pesam acusações contra o agronegócio, inclusive de trabalho escravo. Na Alemanha é registrado um surto de gripe aviaria. Assim o a origem de algums patógenos perigosos é conhecida , porém questões econômicas permitem que essas fontes continuem funcionando.
Seria possível reconstruir o caminho do vírus se sabemos sua origem?
O Centro Internacional para Física Teórica (ICTP sigla em ingles) e o Instituto para pesquisa fundamental (SAIFR sigla em ingles ) programa para os dias 19- 21 de novembro próximo na capital paulista uma mostra de trabalhos em Sociofisica. O nome pode parecer surpreendente, porem os tópicos abordados parecem distoar do que se espera de uma conferência de física teórica. O Comite organizador Reune Celia Ateneodo da PUC Rio, Marcos Gomes (UFPR) e Nuno Crokidakis da Universidade Federal Fluminense. Uma olhada na página do professor Crokidakis nos revela os seus interesses, em particular o Espalhamento de epidemias:
"Um trabalho recente sobre espalhamento de epidemias, em colaboração com Marcelo A. Pires, levou em conta uma sociedade submetida a uma campanha de vacinação. Além disso, levamos em conta que podem existir nessa população 2 grupos distintos de pensamentos diferentes: indivíduos a favor e contra essa campanha de vacinação. Por simplicidade, consideramos que esses indivíduos se influenciam e podem mudar de opinião a partir da regra da maioria. Juntamente com essa dinâmica de opiniões, uma doença se espalha na população, e essa dinâmica foi baseada no modelo SIS. Consideramos ainda que a vacina pode dar imunidade permanente ou temporária aos indivíduos. Através de cálculos analíticos e numéricos mostramos que as interações sociais entre indivíduos podem afetar drasticamente a propagação da doença, e que o engajamento dos indivíduos favoráveis à vacinação pode ser crucial para freiar o espalhamento dessa doença. O artigo foi publicado na Physica A, e pode ser encontrado neste link.
Um outro trabalho nessa linha, em colaboração com Marcio Argollo de Menezes discute um modelo SIS de epidemias onde a taxa de infecção diminui com o tempo. Apesar de ser um modelo SIS, esta mencionada dependência temporal alterou a dimensão crítica superior do modelo para d=6, que é a dimensão crítica do modelo SIR usual, onde há a presença de uma classe R (Recuperados). Isto permite mapear o nosso modelo no problema de percolação por ligações, ao invés do percolação direcionada como é usual. O artigo foi publicado no Journal of Statistical Mechanics, e pode ser encontrado neste link.
Outro trabalho nesta linha, em colaboração com Silvio Queirós, analisou a eficácia de políticas de auto-isolamento de indivíduos no controle do espalhamento de epidemias. Verificamos que a tendência das pessoas não obedecerem recomendações médicas de isolamento faz com que doenças transmitidas por contato sejam difíceis de controlar. Isto pode ajudar a explicar por exemplo como a gripe H1N1 se espalhou rapidamente pelo mundo no surto de 2009/2010. O artigo foi publicado no Journal of Statistical Mechanics, e pode ser encontrado neste link.", olhando a pagina de teses e dissertações do IF UFF notamos que o professor Crokidakis é bastante produtivo, porem alguns temas de suas teses orientados são mais amplas do que modelos matemáticos para epidemias. O que ele chama de Dinâmica de Interações Sociais , vejamos o que diz o professor , que merece ser congratulado pela sua produtividade e pela relevância de seu trabalho 
"Um trabalho nessa linha saiu recentemente em colaboração com Allan Vieira e Celia Anteneodo. Propusemos um modelo onde as opiniões dos agentes são representadas por números reais no intervalo [-1,1], onde o sinal representa uma posição (contra ou a favor, por exemplo), e o valor representa quão extremista (próximo de +1 ou -1) ou moderado (mais próximo de 0) um indivíduo é em relação ao tema em debate. Introduzindo comportamentos contrários, independentes e considerando também a convicção dos indivíduos, vimos que a emergência de extremismo em uma população pode ser associada com a existência de indivíduos com fortes convicções positivas com respeito às suas opiniões, além de baixa fração de escolhas independentes. Por outro lado, a ocorrência de comportamentos independentes, assim como a existência de agentes que mudam de posição (de contra pra a favor e vice versa) espontaneamente leva à dominância de indivíduos com posições moderadas. O artigo foi publicado no Journal of Statistical Mechanics, e pode ser encontrado neste link.
Um outro trabalho nessa linha de dinâmicas sociais saiu recentemente em colaboração com Paulo Murilo Castro de Oliveira. Propusemos um modelo que simula o comportamento de indivíduos em discussões de um tema com 2 opções (sim/não em uma pesquisa, por exemplo). O modelo mostrou que opiniões majoritárias podem ser revertidas e se tornarem minoritárias, e que por trás disso está um mecanismo semelhante a um fenômeno biológico chamado de Gargalo de Darwin. O artigo foi publicado na Physica A, e pode ser encontrado neste link.
Recentemente fizemos um estudo sobre Eleições Brasileiras, em colaboração com Celia Anteneodo e Angelo Calvão. Através de dados obtidos na internet, no sítio do Tribunal Superior Eleitoral, fizemos uma análise estatística do comportamento dos votos em eleições para deputados e senadores, e em alguns casos para vereadores, desde o período da ditadura até os dias atuais (1970-2014). A análise mostrou que a forma como os votos são distribuídos entre os candidatos reflete a evolução das interações sociais entre os brasileiros. Estas distribuições estatísticas são universais, ou seja, a função que as descreve não muda com o tempo, mas os parâmetros associados mudam. Apesar de ser um sistema altamente complicado, onde cada pessoa numa dada população (cidade, estado, etc) tem suas próprias crenças, convicções, etc, conseguimos modelá-lo de um forma relativamente simples. Para isso, propusemos um modelo matemático baseado em equações diferenciais não-lineares com parâmetros estocásticos, que reproduz bem os resultados observados nos dados coletados tanto qualitativa quanto quantitativamente. Em particular, com esse modelo pudemos associar o principal parâmetro da função que descreve as distribuições de votos com as interações eleitores-eleitores e candidatos-eleitores. Estas interações geram uma espécie de feedback para os candidatos, o que pode aumentar ou diminuir o seu número de votos. O artigo foi publicado na PLoS ONE, e pode ser encontrado neste link.
Um trabalho recente, em colaboração com Celia Anteneodo, discute como as convicções de indivíduos que debatem um determinado tema (como o exemplo sim/não dado acima) afetam o resultado final do tal debate. O modelo mostrou um comportamento bem realista: a presença de indivíduos voláteis, que mudam muito de opinião espontaneamente, assim como a de indivíduos que são facilmente convencidos a mudar de idéia, torna difícil a obtenção de uma decisão final em um debate como o exemplificado. Além disso, mesmo sendo um sistema fora do equilíbrio, mostramos que ele está na mesma classe de universalidade do modelo de Ising, que por sua vez é um modelo de equilíbrio. O artigo foi publicado na Physical Review E, e pode ser encontrado neste link. Observando a pagina da professora Célia Ateneodo, vemos também o tópico 
-Fenômenos emergentes coletivos em sistemas biológicos e sociais-,  essas técnicas aplicadas, que são capazes de previsões rigorosas em epidemias, também são aplicadas em modelos sociais e isso é muito similar ao que faz a Cambrigt Analitica de Steve Bannon, manipulação e controle de massas. Uma area irmã da sócio física é a Econofísica , o economista Paulo Gala, fala com entusiasmo dessa nova área. 
"O tema da complexidade ganhou destaque em economia com os trabalhos de Brian Arthur na liderança do instituto Santa Fé no Novo México no final dos anos 80. Com aplicações em várias frentes, a perspectiva de sistemas dinâmicos complexos tem sido aplicada em diversos campos de pesquisa em economia e outras ciências. Estas aplicações são usadas, por exemplo, em teoria dos jogos, ciência política, biologia, física, entre outros. Em economia as aplicações originais foram em modelagem de funcionamento de mercados financeiros, regras de tomada de decisão de agentes individuais em variados contextos e estudos sobre “path dependence” ou dinâmicas tecnológicas que dependem de sua trajetória inicial graças a presença de retornos crescentes como veremos mais adiante. Esse programa de pesquisa tem hoje o nome de Econofísica." , que segundo Paulo Gala é capaz de modelar trafico de aviões por exemplo. 
Curva de casos no Brasil. Fonte: Obervatório da Covid-19 no Brasil. Palestra do professor Roberto 

 Kraenkel, no canal da Sociedade Brasileira de Física



Todos esses fantásticos resultados e serviços prestados ao controle social, por parte da burguesia, contrastam com os investimentos em ciência, nesta questão a ciência não escapa a regra geral e também é desprestigiada frente aos mercados especultativos, o gráfico abaixo mostra que mesmo nos EUA a maior parte do investimento em C&T esta ligado a objetivos militares. (ver aqui carta das associações ciêntficas brasileiras pedindo que o governo mantenha o investimento e C&T).
Fonte: INVESTIMENTOS EM P&D DO GOVERNO NORTE-AMERICANO:EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICASFernanda De Negri1Flávia de Holanda Schmidt Squeff2

Imperialismo Senil; parasitismo, especulação, destruição das forças produtivas, caos. 

Como podemos ver metade dos investimentos em Ciência e Tencologia nos EUA é associado a defesa.
Fonte: INVESTIMENTOS EM P&D DO GOVERNO NORTE-AMERICANO:EVOLUÇÃO E PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS - Fernanda De Negri- Flávia de Holanda Schmidt Squef

O título desta seção foi escrita há 26 anos, mas encontra uma atualidade maior hoje do que em seu próprio tempo. Neste artigo supracitado, pretendemos ressaltar um trecho onde Daniel Gluckstein escreve:
"De forma mais geral, o estágio do imperialismo senil caracteriza-se pelo fato do mercado especulativo, parasitário e financeiro, prevalece sobre a indústria ao qual ele se opõe" . Nesse cenário de profundo ataque a classe operária outro traço de barbárie tem sua condição agravada, os refugiadas nas fronteiras sul dos EUA e no Mar Mediterrâneo ficam ainda mais isolados pelo fechamento das fronteiras e expostos a condições sanitárias dramáticas, podem ser devastados por doenças como a COVID-19 ou qualquer outra . A população, com medo da doença, pode passar a legitimar atitudes cada vez mais racistas e xenofóbicas. Temos um ambiente favorável ao crescimento do fascismo. 

Longe de espalharmos teorias de conspiração, de que a pandemia possa ter sido planejada, o que buscamos mostrar é que esse horror a qual a humanidade esta submetida é totalmente coerente com o modo de produção capitalista, em sua fase imperialista e, ainda que não planejada, pode ser um grande aprendizado para a burguesia impor Estados de excessão, nos fatos a pandemia vem em um momento de ebulição de lutas de classes em paises como Argélia, EUA, toda a América Latina  e aqui no Brasil foi responsavel pelo cancelamento da greve do dia 18 de março.  Em portugal a Central Geral dos Trabalhadores Portugueses esta sendo bombardeada por denuncias de abusos patronais, em São Paulo trabalhadores de um Call Center protestam, exigindo álcool gel . Em todo o mundo o capitalismo gera esse cortejo de horrores(ver aqui a pior infestação   de gafanhotos no leste  da Africa em decadas, aqui a enorme quantidade de lixo no mar causada pela crise de  superprodução, aqui os desastres causados pela mineração, onde Brumadinho e Mariana são apenas dois exemplos ), são guerras e mais a guerras, a taques e mais ataques contra os  trabalhadores. A indústria, a mídia, a ciência, agatudo se transforma de força produtiva em força destrutiva a serviço do capital financeiro. Como previa Leon Trotsky no programa de Transição-Agonia do Capital e as Tarefas da IV Internacional-
"A premissa econômica da revolução proletária já alcançou há muito o ponto mais elevado que possa ser atingido sob o capitalismo. As forças produtivas da humanidade deixaram de crescer. As novas invenções e os novos progressos técnicos ? não conduzem mais a um crescimento da riqueza material. As crises conjunturais, nas condições da crise social de todo o sistema capitalista, sobrecarregam as massas de privações e sofrimentos cada vez maiores. O crescimento do desemprego aprofunda, por sua vez, a crise financeira do Estado e mina os sistemas monetários estremecidos. Os governos, tanto democráticos quanto fascistas, vão de uma bancarrota a outra."

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