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Editoriais sobre as condições objetivas e subjetivas da situação política internacional e sua influência no Brasil

A DITADURA QUE ASFIXIA O POVO #1: O Brasil precisa do PT


O assassinato por asfixia de George Floyd e sua frase final são a síntese de nossos tempos. “Eu não posso respirar”. Pedro Henrique Gonzaga, asfixiado pelo segurança do hipermercado Extra, também não pôde. Os jovens encurralados pela polícia em Paraisópolis também não podiam respirar. Não podem respirar também as pessoas que morrem de infecção nas vias aéreas causadas pela COVID 19. João Pedro não foi asfixiado, nem Evaldo, mas não podem mais respirar por terem perdido a vida em chacinas promovidas pela polícia do Rio contra cidadãos de cor de pele escura. 
Não pode respirar o planeta que, neste momento, está em suspenso diante do aprofundamento do clima de guerra civil e mundial estimulado desde o governo dos Estados Unidos, com alcance em todos os continentes.
A ditadura do Império estadunidense sobre os povos do mundo tem a cara da ditadura contra os povos não brancos em seu próprio país. Seus tentáculos se espalham por dentro do aparelho de estado de todos os países, cujos funcionários não hesitam em colocar no chão e esmagar aqueles que escolheram como inimigos. E, no caso brasileiro, o governo do PT constituía um dos obstáculos a essa subjugação do povo brasileiro. Por isso, dentre todas as caracterizações que o Golpe de Estado de 2016 já recebeu, destacamos a de Golpe Imperialista, sustentado pela maior e mais poderosa ditadura que já existiu na face da Terra.
Por causa disso, no Brasil, desde o golpe de 2016, as características ditatoriais do regime instalado aprofundam-se dia a dia, principalmente em relação à perseguição política e jurídica a lideranças que representam os interesses populares - como Lula e Dilma. Mas a perseguição não atinge só lideranças. Militantes de base também são perseguidos, presos, atacados, o que se estende para aqueles que estão no front da covid 19, como a médica Ticyane Azambuja, que foi atacada com violentas agressões físicas por um grupo que festejava as mortes da pandemia, a exemplo do usurpador da presidência.
A perseguição apesar de fundamental não é o único elemento presente na situação brasileira que permite caracterizar uma ditadura; há outros e pretendemos destacá-los aos longo desta nova série de matérias no Blog. Se os perseguidores de hoje não precisam valer-se de torturas é porque possuem os meios técnicos de conseguir as informações que querem, através do monitoramento cibernético. Sua violência, entretanto, cresce e permanece sem justiça para assassinatos como o de Marielle. Este, se encadeia a uma série de outros assassinatos políticos de lideranças negras como Anderson Luís e, também, à execução cotidiana de pessoas negras por grupos de extermínios e policiais, com o silêncio cúmplice do sistema de justiça - por muitos anos. 
Embora os meios tenham se atualizado, os fins continuam os mesmos: impedir que o povo exerça seu direito de lutar pelas reformas necessárias, nas instituições do Estado, a fim de garantir condições de sobrevivência e direitos da maioria da população. Há um genocídio em curso, agravado pela pandemia. O povo resiste como pode e se agarra às suas organizações, exigindo que lutem para pôr fim ao desgoverno que, irresponsavelmente, condena a população mais pobre à morte. Foi isso que se viu no pedido coletivo de afastamento de Bolsonaro, por mais de 400 organizações, e nas vultuosas manifestações de rua, em todo o país, no último domingo (31/05/2020), organizadas pelas torcidas, apesar do risco de contaminação.
Porém, não basta tirar Bolsonaro, é preciso arrancar seu vice, todos os militares em cargos dirigentes e abrir caminho para um governo que tome as medidas necessárias para salvar vidas. Um exemplo da face genocida dos invasores do planalto é o fato de que o plano pró-Brasil, apresentado por Braga Neto, não toca em nenhuma medida voltada para salvar a vida dos mais pobres e ainda ameaça perseguir governadores e prefeitos que tentam proteger a população. Está mais do que claro: o ato falho de Braga Neto, na coletiva de imprensa em que apresentava o seu plano, denunciou o objetivo dos militares: ficar 30 anos no poder. Eles podem cogitar, as hordas bolsonaristas podem até dar os sinais de que preparam uma guerra civil, mas a população mostra sua resistência. 
Diante de uma grave crise institucional mundial, as instituições brasileiras sequer conseguem mais aplicar a Constituição e o Supremo Tribunal Federal tem uma grande responsabilidade nisso, quando não é ele mesmo o infrator. Assim como foi o voto de Rosa Weber na condenação a Dirceu, sem provas, ou com o apadrinhamento de Lewandowski ao Golpe de Estado de 2016, sem crime de responsabilidade. Bolsonaro busca capitalizar a insatisfação popular quanto às atuais instituições; por isso, sua ação concreta, desde o início da atual gestão é, tal qual Trump, jogar gasolina no incêndio. O que significa criar, propositalmente, o caos como tática de guerra híbrida. 
Diante de um mundo no qual parasitas não nos deixam respirar, nosso respiradouro no Brasil continua sendo o Partido dos Trabalhadores, concentrando na luta para a reabilitação histórica de Dilma e dos direitos políticos de Lula, o direito do povo se organizar politicamente e lutar para exercer o poder para si. 
Somos 100% pela volta do PT ao governo, com Lula e Dilma nos braços do povo e damos toda razão a Lula: defender a vida do povo é não mais deixar o PT ser anulado.  O manifesto que o povo precisa é um que lute por instituições que reconheçam o Golpe em Dilma e a prisão de Lula como tentativas forjadas para, anulando o PT, asfixiar o povo. O PT é nosso respiradouro e, por isso, deve ter como prioridade o povo e não a salvação dos setores políticos desmoralizados que ajudaram a derrubar o governo do PT. 



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